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Campos em disputa

  • Por Jacqueline D'Obá
  • 29 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

Não é novidade para muitas pessoas que as áreas em que produzo são as de educação, literaturas com narrativas produzidas a partir de escritas negras e o pensamento de mulheres negras, sejam elas feministas ou mulheristas. Lendo Angela Davis (2017) no trecho que narra:"[...] será que, quando historiadoras feministas do século XXI tentarem resumir a terceira onda, vão ignorar as grandiosas contribuições das mulheres afro-americanas, que têm atuado como líderes e ativistas de movimentos frequentemente restritos a mulheres de minorias étnicas, mas cujas realizações levaram invariavelmente a avanços nas causas de mulheres brancas?".

Eu não me recordo de ter lido uma única feminista negra que não fizesse duras críticas ao feminismo clássico, desde os seus primórdios, e momentos na história. No entanto me pergunto se "enegrecer" movimentos com paradigmas construídos e alicerçados a partir de uma ótica do Ocidente ajuda na organização efetiva de Mulheres Negras ao combate do Racismo e nas diversas formas que o mesmo assume dentro da sociedade brasileira. Eu me pergunto que novas rupturas epistemolóigicas, se não a de propor um "escurecimento" visando ocupar um lugar que a estrutura racista jamais deixará que ocupemos o Feminismo Negro propôs? Percebo que houve uma reconiguação de sujeitos a partir de uma agenda construídas por mulheres negras, que a todo momento precisam beber em produções genuinamente africanas, no sentido de partir de África, para então construírem seus diálogos.


Eu me pergunto até quando leituras preciosas de irmãs Feministas como Hooks, Davis, entre outras serão interpretadas apagando as interlocuções das mesmas com seus leitores, sobre os memorialismos do sistema escravocrata, as artimanhas de separação de pares negros, as construções de masculinidades, feminilidades, a educação de crianças negras e diversos assuntos que envolvem atores sociais negros. Até quando?

Será que o problema de muitas manas que se intitulam feministas é com o Mulherismo em sí, por propor ruptura não somente das análises que são feitas, mas, e sobretudo por romper e propor novos paradigmas e epistemologias de ação? ou ainda é em não querer admitir que as manas, mais velhas e feministas como Davis teceram sobre diversas violações que o homem negro era exposto não o tornando um algoz da mulher negra?

É preciso ter honestidade em traduzir ao pé da letra o que estas narrativas transmitem sem floreios ou inclinações ideológicas. Quando eu defendo que o Mulherismo Africana não se contrapõem ao Femismo, e aqui falo de movimentos e movimentações pra vida, é porque entendo que em seu sentido de luta e consciência política, o mesmo está interessado na Unidade. Na irmandade. Nos dar as mãos e lutarmos juntas compreendendo a limitação de cada uma.

Se perceberem o príncipio em Davis fala:"...devemos subir de modo a garantir que todas as nossas irmãs, independente da classe social, assim como todos os nossos irmãos subam conosco". É essa tal irmandade que tanto criticam no Mulherismo. As disputam precisam ter um fim!

Jacqueline Conceição - Mulherista Africana, Professora de Língua Portuguesa, pesquisadora de Lit. Africanas, africologia e mulherismo africana. Graduanda em Ciências Sociais - UERJ. Mãe da Kehynde e companheira do Cyro.

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