À Marva - Uma reflexão
- Por Jacqueline D'Obá
- 17 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Estava em diálogo com uma querida amiga e também professora, e nos deparamos com alguns questionamentos que perturbam nosso cotidiano enquanto profissionais da Educação Básica.
Existe uma corrida, e tal só alcança seu objetivo maior quando se adentram os portões e poltronas da Academia, e enfim o Doutorado. Excelente que se galgue espaços dante inalcançáveis pelos nossos. Mas algo me preocupa em meio a este êxtase acadêmico que se mistura com pautas políticas de um dito Negro Movimento. Me preocupa na medida em que vejo a ação de profissionais do Município, Estado, Rede Privada, sobretudo aos que trabalham com I segmento e II segmento, quase que uma anulação de seu espaço de atuação, e por conseguinte como sujeito.
Observo que mesmo quando estes alcançam a Corrida Maluca acadêmica sem o compromisso de disputar títulos e falas, porém de aprofundar suas práticas pedagógicas, ainda assim este é invisibilizado. Ou no mínimo não tão importante como os Doutorandos e Doutores.
Falo de falas direcionadas para o campo da educação, que em sua maioria desconhecem os Parâmetros Curriculares Nacionais, o Conselho Nacional de Educação, Os Currículos Mínimos, A organização mínima/básica de municípios do RJ na infraestrutura e organização educacional e etc.
Alguns desses se tornam verdadeiros Antropólogos da Educação. Fazem suas etnografias, utilizam uma vasta linguagem acadêmico científica que visa dar conta das demandas, mas que em sua realidade factual, de nada servem para reorganizações no campo da educação.

Estes ainda versam sobre currículo e suas mudanças, mas não estudam com profundidade o público destas instituições. Daí me pergunto por onde andará ess ética política de conscientização com nossas questões, uma vez que deixamos apenas, e somente nossos interesses pessoais transgredirem aquilo que chamamos de Libertação. Ainda reflito se realmente será "Por todos os meios necessários" que faremos a Libertação dos Povos Africanos, ou se faremos a nossa íntima e exclusiva individualidade de ascenção de Espaços e Falas.
Desculpem se pareço arrogante, mas o título de Rainha da Porra Toda eu não quero. Luto pelo título:"A verdade não cabe em uma só boca" (Provérbio Bambara). E com isso encerro dizendo que a base não é a Academia e sim a periferia!
Jacqueline O. da Conceição/ Dofonitinha de Òbá
Professora do I e II Segmento

*Jacqueline Conceição (Òbá)Professora de Língua Portuguesa, pesquisadora de Literaturas Africanas, africologia e mulherismo africana. Graduanda em Ciências Sociais - UERJ. Mãe da Kehynde e companheira do Cyro.
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